“A Coleção Invisível”

Fazenda de Saada

Gravado em 2011 mas só agora entrando no circuito nacional, “A Coleção Invisível”, longa que encerrou as exibições do festival de Gramado no mês passado, é a estréia na direção de Bernard Attal. Francês, que foi atraído ao Brasil graças aos romances de Jorge Amado, também é responsável pela produção do filme. O roteiro fica por conta de Sergio Machado, também conhecido pelo roteiro dos ótimos “Abril Despedaçado” (2001) e “Cidade Baixa” (2005).

O elenco é encabeçado por Vladimir Brichta. Conhecidíssimo pelas comédias na TV, o ator viu no filme uma chance de mostrar diversidade. Vladimir já havia gravado outros três longas, incluindo o maravilhoso “Romance” (2008), mas só nesse encara um personagem realmente dramático. O ator tem outros três filmes no gatilho que devem estrear no próximo ano.

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Vladimir, com Leticia Sabatella, em “Romance”

O filme também se tornou um importante marco por ser o último trabalho de Walmor Chagas, que interpreta o colecionador cego Samir, que faleceu esse ano. O ator tem uma participação pequena mas, como é de se esperar, magnífica! Pelo personagem, o ator ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado. Outra premiada foi Clarisse Abujamra, que interpreta a esposa de Samir, que ganhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Completa o elenco Ludmila Rosa, que fez “À Beira do Caminho” (2012).

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Walmor Chagas, em cena no filme.

O roteiro do longa é inspirado em um conto do genial Stefan Zweig. Austríaco, exilado no Brasil, Stefan viveu aqui seus últimos anos até suicidar-se juntamente com a esposa. Hoje, a casa que o casal morou em Petrópolis (RJ) é um museu do autor e você pode conhecer clicando aqui.

Aqui, segue a carta de suicídio deixada por Stefan:

“Antes de deixar a vida por vontade própria e livre, com minha mente lúcida, imponho-me última obrigação; dar um carinhoso agradecimento a este maravilhoso país que é o Brasil, que me propiciou, a mim e a meu trabalho, tão gentil e hospitaleira guarida. A cada dia aprendi a amar este país mais e mais e em parte alguma poderia eu reconstruir minha vida, agora que o mundo de minha língua está perdido e o meu lar espiritual, a Europa, autodestruído. Depois de 60 anos são necessárias forças incomuns para começar tudo de novo. Aquelas que possuo foram exauridas nestes longos anos de desamparadas peregrinações. Assim, em boa hora e conduta ereta, achei melhor concluir uma vida na qual o labor intelectual foi a mais pura alegria e a liberdade pessoal o mais precioso bem sobre a Terra. Saúdo todos os meus amigos. Que lhes seja dado ver a aurora desta longa noite.

Eu, demasiadamente impaciente, vou-me antes.

Stefan Zweig”

Aqui, o trailer do filme:

E aqui, o site oficial.

O filme segue em cartaz no circuito nacional. Corram! Evoé!